quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Podia ser


A noite já ia alta. Estavam ali, parados no tempo, no mesmo sítio de sempre. Confessaram fraquezas, desvendaram segredos, partilharam verdades que fazem doer (muito), riram e ficaram em silêncio, aquele que naquela noite nem foi constrangedor... mas sim quente, cúmplice. O toque tornou-se inevitável, cada vez mais... e essa necessidade passou a ser ordem. As manifestações de carinho repetiram-se, mas de uma forma envergonhada, doce. Sem darem por isso estavam frente a frente, como nunca tinham estado antes. E tiveram medo. A respiração ofegante tomou conta do ambiente tranquilo que até lá existia. A hesitação persistiu por instantes, mas o calor do momento fê-la evaporar por entre as mãos suadas que se apertavam cada vez mais. Entregaram-se... lentamente, sem como nem porquê, assim... por instantes. Instantes que fizeram parar tudo o que acreditavam, tudo o que esperavam deles próprios nesta altura das suas vidas. Existiu culpa sim, mas acima de tudo respeito. Muito. Não pelos outros, mas por eles mesmos. Tanto. Naquela noite e no resto das suas "vidas", juntas ou não. Porque para vários "alguém" como nós, a cumplicidade natural é muito mais importante do que tudo o resto. Mesmo que esse tudo seja segredo para ambos e até para cada um.

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