sexta-feira, 13 de junho de 2014

Partidas que (me) partem

Vó, partiste sem dizer nada. Nem avisaste! Não nos disseste que ias para perto do teu amor. Precisavas mesmo ir já? Ele não podia esperar? E nós? Achas que já não precisávamos de ti? Achas?!

E agora? Quem é que me vai trazer língua da sogra da Padaria da Dona Graça? Quem é que me vai trazer rebuçados ao dia 10 de cada mês? Quem é que me vai descascar as romãs em Outubro? A quem é que eu vou despentear o cabelo? A quem é que vou trazer as gomas novas que tiver na loja? Quem é que vou chatear por comer laranjas à noite? Com quem é que vou ver a novela? E partilhar as pipocas à meia noite?... com ninguém... É, deixaste-me sem ninguém. Fazes-me tanta falta. Fazes tanta falta cá em casa... nem sabes. Ou melhor, sabes. Eu sei que sabes e por saberes isso é que ainda não consegui perceber porque foste embora assim... nem fomos a Fátima como me tinhas pedido... nem a Viseu visitar os teus sobrinhos!

Tinhas assim tanta pressa de ir? Não podemos fazer nada do que tínhamos combinado. Estava sempre a trabalhar e agora que tenho tempo já não estás aqui para me fazeres companhia. Não é justo. Não foste justa comigo. Nem sabes o que ando a passar desde que te foste embora, nem imaginas as crises que a mãe tem tido, piores que aquelas que ela tinha antes, lembras-te? Mas desta vez são por tua causa e eu acho que já não tenho força para a ajudar... até porque acho que ela não quer a ajuda de ninguém... oh, tu sabes, ela fazia o mesmo contigo! Sabes tão bem, tal como eu.

Mas eu percebo,
tinhas saudades do teu amor. Mas agora sou eu que tenho tuas, 1 mês e 2 dias depois.

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