sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Hoje.

Estou num dos tantos comboios regionais, com tantas pessoas como marcas de perfume, tantas vidas como rebuçados numa festa de aniversário, tantas diferenças como o norte e o sul.
Mas uma única coisa em comum, a pressa de chegar...

As marcas de um dia cansado no rosto, o ar insatisfeito, o sono leve que termina a cada turbulência da carruagem, a cada paragem numa estação...
Muitas vezes vejo nascer o dia mas hoje vejo morrer.
A luz tão forte do pôr-do-sol quase me cega mas mesmo assim não deixo de olhar...
As cores transformam-se, as árvores mudam de cor e textura, tornam-se negras em contraste com aquela luz imensa.
É nestas situações que gostava de ter uma câmara fotográfica "ali à mão", para poder retractar o que sinto, o que vejo e o que me transmite... mas não, restam apenas recordações de mais um fim de dia laranja com pinceladas amarelas e pretas.

Gosto da maneira como o sol rompe a janelas envidraçadas da carruagem, a cor dos rostos contrapostos à luz, é diferente... mas também igual a tantos fins de tarde quentes ou por vezes frios quando a luz não basta para nos aquecer.

Hoje vi coisas que nunca tinha visto, pessoas com quem nunca me tinha cruzado, e lugares que nem sabia existirem.

Hoje já é fim de tarde, hoje também há pôr-do-sol, hoje também vão ser dezoito horas, hoje vai ser igual a ontem mas também vais ser diferente, hoje...já é noite!

AM, numa carruagem de muitas.

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