Sabes, mais uma vez sei de coisas que tu não sabes que eu sei. Talvez nunca vás saber ou talvez um dia eu ganhe coragem de mandar a toalha ao chão e te conte tudo o que sei, tudo o que tenho aqui enroladinho. Dentro do peito e que muitas vezes quis saltar para fora e eu não deixei... Sabes aquela sensação na barriga quando comes depressa demais? Ou quando bebes água muito fresca? É parecida... Tu sabes que não o deves fazer mas fases... e depois lamentas-te como se não estivesses à espera que a sensação fosse assim, como se não fosse igual às outras vezes. Como se já não a conhecesses.
O que sinto é isso, sinto que agora sei aquilo que pensava que sabia. Só que agora sei mesmo. E não é bom. Saber que sei e saber que tu sabes e mesmo assim sabermos que ambos me estão a enganar. Tu a mim. Eu a mim. É, às vezes engano-me a mim própria... é mais fácil (quem sabe), menos doloroso e menos explicativo. É, adivinhar que sabemos alguma coisa dá muito trabalho a explicar e nós mulheres temos o dom de fingir que acreditamos nas coisas, sabias? É a maneira mais fácil de não mostrarmos as nossas fraquezas... Eu não quis mostrar as minhas. Não quero. Não agora.
Amanhã não sei... tudo o que tenho aqui enroladinho pode desenrolar sem eu conseguir pará-lo... e nesse dia eu não sei o que vai acontecer. Nem tu. Nesse dia ambos vamos perceber que afinal as mulheres são mais fortes do que imaginam e que quando dizemos que achamos alguma coisa já temos a certeza dela. Disso não duvides. Eu nunca duvidei. Às vezes duvido de mim e da forma como encontro aquilo que não quero... mesmo que não faça por isso... mesmo que naquela momento não queira. O momento impõe-se sobre aquilo que quero (ou não quero) encontrar.
Tenho sido a descobridora daquilo que me magoa. Daquilo que me fere e faz chorar. Tenho sido a descobridora ocasional daquilo que é rotina (aparentemente) e só eu sei o que esses rasgos de Pedro Álvares Cabral me tem arrancado tudo por dentro. Devagarinho.
Descobrir coisas também é torturar-se... devagarinho para não doer tanto de uma só vez. Mas é mentira, dói igual de todas as vezes. Dói muito sempre. Tanto. Dói tanto quando queres que te digam a verdade sem tu dizeres que a sabes... e ouvires promessas de amor encobertas em palavras vazias que sabes que não significam nada para a tua cabeça mas tudo para o teu coração. Envolves-te naquilo que tentar evitar mas o amor fala mais alto... e mais uma vez finges não saber o que sabes.
E volta tudo ao início e voltas a prometer a ti própria baixinho... que da próxima vez é que é, que próxima vez mais gritar ao mundo tudo o que sabes. Imaginas as reacções. Sonhas. Mas no fundo sabes que quando esse dia chegar, o amor vai voltar a falar mais alto... mas o amor que é só teu. Não dele. Nem vosso.
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